segunda-feira, 7 de maio de 2007

Una Flor para Elvira

6 de Agosto de 2006. Barcelona. Após uma visita ao lindíssimo Parc Güel e um rápido telefonema à Elvira, combinamos encontrar-nos no Café Zurich, na Plaça de Catalunya. A Elvira Camacho é uma coleccionadora catalã com quem efectuava trocas há alguns meses. Tendo planeado uma passagem por Barcelona, logo agendámos um encontro para nos conhecermos pessoalmente. À hora aprazada, lá nos encontrámos, cada um com a sua "lembrança": um envelope cheio de pacotes de açúcar, cuja cor servia também para nos identificarmos na imensa esplanada do Café Zurich. Foi ela quem me viu em primeiro lugar. Estava acompanhada de duas amigas, a quem nos juntámos para um café.
Passados os primeiros momentos de impasse nestas situações, fez-se notar o sentimento patriótico da Elvira, quando disse ao empregado de mesa que queria uma Mahou (das poucas cervejas espanholas que me agradam). Una Mahou?!!!, exclamou. Não tendo sido um ultraje, foi notoriamente um passo em falso no escorregadio mundo da etiqueta. Fiquei a saber que a saborosa Mahou é uma cerveja madrilena!!! E também que não a serviam ali, pelo que me contentei com a razoável San Miguel, uma cerveja originária de Lérida - portanto, catalã. Por ironia, uma consulta rápida no google revelou-me que a marca já havia sido adquirida pelo grupo Mahou em 2000. Mas num mundo globalizado como o nosso, isso são pormenores. Portanto, San Miguel e ponto final. E soube bem. O que acontece sempre quando a companhia é boa! A conversa de quase duas horas resvalou para todos os temas possíveis (do Futbol Club Barcelona à problemática da emigração), sendo a defesa da cultura catalã uma pedra de toque permanente nas intervenções da Elvira e das amigas. E o engraçado é que viemos a saber no final dessa tarde que a Elvira era originária do sul de Espanha, da região de Cádiz, estando radicada na Catalunha há bastante tempo - o suficiente para se lhe ter entranhado no sangue. Para dizer a verdade, é difícil Barcelona e a Catalunha não tocarem quem quer que passe por lá.
Despedimo-nos nas Ramblas, entre correntes de gente a caminho do final de tarde e da movida. Até um dia destes - porque coleccionar também é conviver.
Nota: o stick de açúcar que introduz este texto foi recolhido no Café Zurich.

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