segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Manifesto: o que é um pacote de açúcar?

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O presente manifesto surge da minha obrigação como coleccionador de contribuir para a elaboração de uma definição exacta do que é o objecto coleccionável denominado pacote de açúcar, numa altura em que surgem milhares de objectos semelhantes que com ele se confundem. Parte deste texto foi já partilhado numa mailing list dedicada a este campo de coleccionismo.
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Como qualquer outro objecto, um pacote de açúcar tem necessariamente uma função: primeiro que tudo, a de adoçar uma bebida (ou, menos frequentemente, um preparado culinário); em segundo lugar, quase sempre, serve também de veículo publicitário, respondendo a uma intenção genuína de uma qualquer entidade ou entidades. Para que a sua função seja levada a cabo, o pacote de açúcar tem de circular, de ser disponibilizado ao público.
Não é relevante quem cria, imprime, embala, promove ou distribui o pacote de açúcar (a não ser para quem, como coleccionador, privilegie este ou aquele parâmetro), mas sim que ele desempenhe a função para que foi criado, só assim fazendo jus ao seu nome.
Nos últimos anos, em particular em países como a Itália, a República Checa e a Espanha, e mais recentemente em Portugal, têm surgido milhares de objectos semelhantes a pacotes de açúcar, quase exclusivamente na forma de séries, ou colecções, que são produzidos de per se, isto é, sem qualquer função, muito menos a acima descrita, e promovidos frequentemente por agentes próximos do coleccionismo de pacotes de açúcar. Objectos destituídos de função, por muito criativos ou tecnologicamente avançados que sejam; poderão ser tudo, não são de certeza pacotes de açúcar, mesmo que por conveniência sejam embalados com a doce substância (muitos já nem isso o são). Fazem lembrar as notas do Monopólio, com um carácter figurativo, fictício; mas, e isto é que é grave, têm sido utilizados com um valor transaccionável real.
Tudo é transaccionável quando tem procura - e este é que é o verdadeiro problema: quando as pessoas não são capazes de reflectir sobre o objecto que têm nas mãos, arriscam-se a que, quando olhem para elas com mais atenção, não vejam nada. Pelo menos que não vejam o objecto a que se supõe tenham atribuído um valor estimativo que os tenha conduzido ao acto de coleccionar.
Porque é disto que falamos: só se colecciona quando se tem estima pelo objecto coleccionado. E essa estima tem sempre origem num qualquer episódio da nossa vida, por mais insignificante que seja. Convido-vos e realizarem este exercício de imaginação: o primeiro coleccionador de pacotes de açúcar - quem terá sido? Nunca o saberemos, certamente. Mas o que o terá levado a coleccionar pacotes de açúcar? Terá certamente achado graça ao objecto que acompanhava a sua bebida preferida, à história que contava ou ao motivo que exibia. Teria ele achado tanta graça (a suficiente para despertar a paixão pelo seu coleccionismo) a esse mesmo pacote de açúcar, por muito belo ou interessante que fosse, se não viesse acompanhado da sua bebida preferida?
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4 comentários:

António Campos disse...

Concordo, na generalidade, com o texto, mas penso que faltará dizer mais qualquer coisa.
Pegando nas moedas, a sua função é, exclusivamente, a de permitir comprar seja o que for, porém, sabemos que existem emissões limitadas, normalmente com temas específicos, que são especialmente viradas para os coleccionadores. Isso não lhes tira o valor facial e poderão ser utilizadas no mercado (penso eu).
Ora, os pacotes de açúcar começam a seguir um pouco esse rumo, ou seja, começam a aparecer emissões mais viradas para o coleccionador, já para não falar dos que são feitos com a principal função de publicitar alguma coisa (como os dos Dias Medievais de Castro Marim, por exemplo).
Um abraço.

MANHENTE disse...

Olá, Tó!

Obrigado pela opinião, que faz algum sentido; talvez tirando o facto de que a entidade emissora dessas moedas(ou pelo menos a que autoriza a sua emissão) ser a mesma responsável pela emissão da moeda corrente.

Um abraço,
Rui

Anónimo disse...

¡Hola amigo Rui!
Bien es cierto que el tema del coleccionismo se está complicando con los motivos que explicas, aunque no traduzco muy bien el portugués (de lo cual me averguenzo por mi proximidad geográfica con ese bello pais).
Aunque supongo conocerás el tema, te voy a contar lo que está pasando en España con el coleccionismo de sellos.
La entidad emisora siempre ha sido la FNMT (Fábrica Nacional de Moneda y Timbre), que se encarga de elaborar un programa anual de emisiones, de su impresión y distribución. Hasta aquí, todo igual que en Portugal.
Desde hace un año aproximadamente, cualquier persona puede diseñar un sello y encargarle a la FNMT que se lo imprima.
Sólo hay algunas restricciones (no pueden aparecer en el diseño personas vivas, ser de mal gusto,...).
La tirada mínima es de 25 ejemplares y el costo de 1 € por ejemplar.
Tienen el mismo valor facial que la tarifa vigente y son totalmente válidos para ponerlos en un sobre y echarlo en un buzón para que llegue la carta a su destino.
Cualquier persona que se quiera gastar 25 euros (valor del un pliego de 25 sellos), puede encargar por ejemplo un sello con la foto de su casa de campo.
Como podrás imaginar, ya es imposible coleccionar todos los sellos que se imprimen y circulan en España.
Un fuerte abrazo.

MANHENTE disse...

Hola, amigo!

Gracias por tu comentário. Lo que describes es un poco lo que empieza a pasar en Portugal con los azucarillos... Hay que hacer opciones: coleccionar solo lo que más nos interesa...

Un abrazo,
Rui