sexta-feira, 22 de junho de 2007

Historia de unos sobres de azúcar (ou "La Chica de la Tele")

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As Viagens com Açúcar também acontecem aos outros. Por isso, dou a palavra ao meu amigo José Luis Salguero, de Badajoz, que partilhou comigo esta história. Como direitos de autor, prometo conseguir-lhe os pacotes em falta na série referida.
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Como sé que te gustan las historias, te voy a contar una que quizás te resulte interesante sobre personas honestas y alguna no tanto.
Te he hablado alguna vez de mi amiga la que trabaja en Mérida, yo la llamo "la chica de la tele" porque trabaja en el canal de televisión extremeño.Pues bien, ella y su pareja se van acordando de mi y de sus colecciones cada vez que salen de viaje y me van guardando todo lo que encuentran.
Recientemente se escaparon un día a Caparica y visitando un mercadillo de antigüedades, le vieron a un vendedor unos pacotes de animales que les gustaron mucho. Al interesarse por ellos, el señor les dijo que eran muy bonitos y que era una serie muy antigua (por lo menos de los años 60). No pudieron resistir la tentación y los compraron para regalármelos.
El vendedor en cuestión es el señor no tan honesto de esta historia, pues la serie ni era tan antigua como decía ni la serie estaba completa; pues es una serie de Alcántara del zoo de Lisboa de especies amenazadas y había 7 pacotes en lugar de los 10 que componen la serie.
Pero bueno, este es el principio de la historia.
Siguieron disfrutando de la ciudad y pasando un día estupendo hasta que se pararon en un pequeño restaurante de la ciudad que se llama "Delícias da Praia" y entre charla y cerveza, sacaron los pacotes para mostrárselos a unos amigos que iban con ellos. Y así transcurrió el día alegremente hasta que llegaron de vuelta a Badajoz y ¡Oh! se dieron cuenta que se habían quedado olvidados los famosos pacotes encima de la mesa del restaurante. ¡Que desastre!, la ilusión con la que los habían conseguido se desmoronaba.
Pero "la chica de la tele", que es una chica con recursos ilimitados, se puso manos a la obra para intentar recuperarlos.
Llamó por teléfono al restaurante y le contó la odisea con la esperanza de que al recoger la mesa no los hubieran tirado o alguien no se los hubiera llevado.El señor del restaurante (esta es la persona honesta de la historia), muy amablemente le dijo que efectivamente los habían visto y los habían guardado; que no se preocupase que se los tendrían reservados para cuando pudieran volver a recogerlos.
Al poco tiempo fue a Caparica la hija de José Manuel (es la pareja de "la chica de la tele") y se trajo los tan preciados pacotes que ahora ocupan un lugar en mi álbum a la espera quizás, de poder completar la serie algún día.
Un ¡Olé! por el señor del restaurante "Delícias da Praia" y otro por "La chica de la tele".
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Como tú bien dices, las colecciones son algo más que objetos inanimados que se guardan en algún lugar. Cada pieza tiene su historia y sus recuerdos.
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domingo, 10 de junho de 2007

Meu caro Watson...

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Há pacotes que nos chegam às mãos e nos deixam curiosos, inquietos. É o caso deste, feito pelos Cafés Valiente para a cafetería Los Valles, em Bielsa, Aragão, muito perto da fronteira com França.
As dúvidas iniciais surgem-me em catadupa: será parte de alguma série? Improvável, até porque tenho vários repetidos, o que seria uma coincidência. E a data 28-8-88, será a data do sorteio destes números? Se sim, por quê mandar fazer um pacote com os números sorteados naquele dia? Teriam os donos deste estabelecimento ganho o Bono Loto com esta combinação? Ou pertencerão apenas ao boletim vencedor registado no seu estabelecimento?
Nada como uma consulta rápida no google para confirmar as minhas suspeitas. Tenho dúvidas em encontrar esta informação com quase 20 anos, mas não é que a encontro mesmo! E que os números correspondem à data do sorteio!...
Por acaso estive em Bielsa no verão passado, mas antes deste pacote me chegar às mãos. Caso contrário, teria tido o descaramento de perguntar. Por outro lado, a ponta de mistério sobre a razão que levou à produção deste exemplar é estimulante; deixa-nos expectantes relativamente à hipótese de que nos cheguem às mãos outros pacotes igualmente intrigantes.
O coleccionador vive da curiosidade e da surpresa. Sem estes elementos, o acto de coleccionar carece de alimento que sustente a vontade e a perseverança necessárias ao acto de coligir. Mas se alguém passar por Bielsa, que um café solo sirva de expediente...
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sábado, 2 de junho de 2007

Paperantic, Vigo - I Salón del Coleccionismo: meio dia na vida de um coleccionador

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Hoje desloquei-me a Vigo na esperança de "desencantar" mais alguns exemplares de pacotes de açúcar para a minha colecção, cada vez mais tematizada. Soube na quinta-feira passada, por acaso, através de uma busca na internet, que se realizava no hotel NH desta bonita cidade das Rias Baixas uma feira de coleccionismo organizada por uma associação de comerciantes espanhóis de artigos de colecção em papel, a ASPAC. Embora o cartaz não anunciasse este tipo de objectos de colecção, também não excluía a hipótese de lá os podermos encontrar.
Estavam presentes uma dúzia de expositores de vários pontos de Espanha, com predominância da Catalunha. A apresentação das mesas era impecável: extremamente colorida e organizada. O marcador de livros alusivo à feira, ao lado, testemunha a alegria visual dos expositores. Predominavam os postais e as revistas de banda desenhada, mas também os calendários, as cintas de charutos e cigarrilhas, os cromos e pósteres publicitários. Pacotes de açúcar, infelizmente, nada. O máximo que consegui foi o contacto de um dos comerciantes, de Madrid, apenas para o caso de por lá passar... Outro comerciante revelou-me que por vezes também vendia pacotes de açúcar, mas apenas em lotes pequenos, não tendo trazido nenhum... Tornou-se evidente o lugar ocupado por esta modalidade de coleccionismo em papel na ordem de prioridades dos presentes.
Saí do NH Palácio e dirigi-me a pé, em passo de passeio, até ao casco velho da cidade, perto da zona portuária desportiva, na continuação da Plaza de Compostela. Procurava a loja de um antiquário que também negoceia artigos de colecção: Almoneda Altamira, em cujo site soube que teria alguns exemplares de pacotes de açúcar para venda. Infelizmente, o responsável pela loja não se dedicava a este apartado de coleccionismo, dispondo apenas de um lote de 400 pacotes que lhe tinham deixado para venda por 100 euros, o que é um montante exorbitante para uma compra "às cegas". O tom de voz do meu interlocutor, inversamente simpático quando comparado com o dos comerciantes presentes no Paperantic, revelava notoriamente a importância que dava a estes objectos de colecção. Felicidade a dele, loucura a nossa!
Estava a correr mal o dia... Mas não tencionava regressar de mãos a abanar; muito menos de estômago vazio. Abanquei numa esplanada frontal à Plaza de Compostela, ao longo da qual desfilavam barracas de bugigangas e artigos de artesanato; enquanto apreciava a elegante fauna local, despachei pausadamente - que contrasenso linguístico saboroso! - um bocadillo de jamón serrano, rematado com um café fraquíssimo (marca O Doñoso). Da leitura em diagonal do jornal regional Atlántico retive duas ideias: um cartoon que ironizava com a notícia de que em Espanha serão necessários, pasme-se, 200 mil novos professores até ao ano 2015 (a demonstrar que em Espanha, ao nível da educação, se trabalha a pensar no futuro); e uma nota editorial sobre a poluição brutal causada pelo fabrico de computadores portáteis, a provar que o chavão consagrado de que corporizam uma revolução tecnológica "limpa" está longe de ser verdadeiro.
Deixei passar o tempo... sob um céu acinzentado mas luminoso e uma brisa agradável; reflecti sobre a quantidade de galerias de arte e antiquários (cerca de uma dúzia num trajecto de cerca de mil metros) por que passei durante a minha caminhada pelas ruas de Vigo e antecipei um possível título para este post: Duelo Ibérico: pacotes de açúcar v. galerias de arte. Por ser sociológica e culturalmentemente polémico, acabei por decidir-me por outro mais suave.
De regresso a casa, antes de chegar a Valença, fiz um desvio para Tui, onde procurei outro antiquário que sabia negociar alguns objectos de colecção, o simpatiquíssimo Sr. José Trancoso. Mais uma vez sem sorte. Mas valeu a pena a paragem pela excelente meia hora de conversa que tive com este coleccionador de carros (não de miniaturas), rádios e máquinas fotográficas antigas (sabe-se lá onde arranja espaço para tanta maquineta!). Não me querendo deixar vir de mãos a abanar, o Sr. José fez questão de me levar ao café vizinho e de pedir pacotes de uma série espanhola com fotografias de catedrais que já lá tinha visto: mas restavam apenas dois exemplares no fundo do cestinho dos pacotes... Valeu pela simpatia.
Hora de almoço: resolvo ficar por Valença. Esperava-me o Solar do Bacalhau, que aconselho vivamente (leia-se a crónica no Viandante, aqui ao lado).
Desta meia dúzia de horas de busca infrutífera por pacotes de açúcar com real interesse para mim, três registos: cerca de 50 euros de despesa (!); pessoas maioritariamente simpáticas; e um almoço excelente. Mas também: um punto de libro e um palito para o meu amigo José Luís Salguero; um guardanapo para o amigo Romeu Lopes; palitos para os amigos Domingos Ferreira, Isabel Mendes e Adriano Monteiro; e um rótulo de vinho... um rótulo... alguém colecciona rótulos?


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