No passado dia 5, sábado, realizou-se o 1º Encontro Internacional de Coleccionadores de Pacotes de Açúcar de Villanueva del Trabuco, província de Málaga. 2200 quilómetros de ida e volta não demoveram quatro coleccionadores do norte de Portugal de estarem presentes - grandes heróis! E a experiência foi tão inebriante que já prometeram volver el próximo año, nem que seja para aprimorarem o seu castelhano de sotaque andaluz.
Aqui fica um pequeno relato dos trabalhos mais significativos:
Paragem em Elvas, pelas 8.30 da manhã de sexta-feira (imaginem a que horas saímos!?), para um pequeno almoço merecido em casa do nosso amigo coleccionador, Paulo Araújo. Que o deus dos pacotes o abençoe; e à France; e à Margarida!
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Descanso em Zafra (1ª foto), à caça de um pacotinho de açúcar dos Cafés Camelo quase desconhecido. Começámos com sorte: cerrado para vacaciones. O bom tempo e uma cervejinha fresquinha noutro tasco fizeram-nos esquecer o precalço.
Almoço no Hostal Los Arcos - nome de bom prenúncio -, perto de Sevilla (2ª foto). O logótipo da Delta no painel publicitário aliou-se à fominha que trazíamos para nos decidirmos a parar ali. Uma razão tão boa como outra qualquer... A verdade é que nenhum de nós alguma vez comeu tão mal! O melhor de tudo foi o pão, branco e sensaborão como as nossas roscas... Dá para imaginar?
Depois de Sevilla, passámos por dois carros lusos. Que festa! Transportavam coleccionadores da grande Lisboa nossos conhecidos destas lides. Ultrapassámo-los, acenando e fazendo sinal para sairem da auto-estrada... Continuaram em marcha lenta... Tornámos a ultrapassá-los e... nada! Marcha lentíssima... Parecia que não nos viam! Seguimos, que se fazia tarde. Só à noite soubemos que o passo de caracol se devia a uma avaria numa das carripanas, e que acabou por ir para o estaleiro. Honra ao casal desafortunado que, não cedendo à tentação de regressar à lusa pátria, não deixou de comparecer em Villanueva del Trabuco. Um brinde para eles!
E já se brindava quando chegámos à pacata Villanueva del Trabuco (3ª e 4ª fotos), pelo que não demorámos a juntar-nos à festança (provei uma loiraça de estalo que nunca tinha visto por estas terras: Alhambra; garrafinha verde sem rótulo e com inscrições em relevo). Pouco depois, no Ayuntamiento da vila (5ª foto, da entrada), e de ânimo reforçado, assistimos à apresentação da série de pacotes de açúcar alusiva ao encontro. Uma cerimónia bonita, que serviu de agradecimento aos pintores locais cujos quadros foram retratados na série.
.E chegou sábado de manhã. E a adrenalina foi tão intensa que se passou um dia inteiro num pavilhão abafado sem darmos conta de que tivesse acabado. As discussões acaloradas entre coleccionadores (6ª foto); os coleccionadores com quem troco há anos e que não conhecia pessoalmente (a Mari Martinez, o Juan Guillén, o José Manuel Duran, o Juan Carlos Nuñez, o Vicente Benitez...); o orgulho do António Jesus Duran, o guardia civil organizador do encontro, mostrando o seu armário arquivador de séries repetidas (7ª foto); o almoço volante excelente, servido no próprio pavilhão e de que, por nos ter entretido tanto mãos e boca, não se registaram imagens para a posteridade; a meia-dúzia de loiraças despachadas durante a tarde (e, registe-se, o uísque com cola saía que nem emigrantes clandestinos a desembarcarem na Florida!); as centenas de sobres de azúcar nas nossas bolsas, para nos devorarem o tempo livre nas semanas e meses seguintes...
O fim de tarde e noite terminaram na Venta Talillas, restaurante local afamado, com um jantar memorável (última foto), parcialmente patrocinado pela câmara local. Não sem antes os 4 heróis reabrirem a contenda com duas Cruzcampo levezinhas (8ª foto). Ao jantar, a cerveja servia-se em jarros, pelo que se perdeu definitivamente a conta - mas só por essa razão...
Recordo-me de poucas noites de sono em que ao acordar no dia seguinte me deparasse na mesma posição em que tinha caído na cama. Pelos vistos, o mesmo sucedeu aos meus compinchas de aventura. Sabe bem este cansaço!
Dos 1100 quilómetros do regresso registam-se:
- os 18 euros que o Romeu Lopes pagou - grande homem! - por meio quilo de pacotes de açúcar numa taberna de aldeia, num dos inúmeros desvios que fizemos;
- o termos parado no restaurante Nueva Andalucia I em busca de mais um pacotinho da Delta - mas com a mesma sorte da viagem de ida, pois viemos a saber posteriormente que, no outro lado da auto-estrada, a poucos metros, na direcção sul, esse pacotinho já circulava no restaurante Nueva Andalucia II...;
- a jura de pés juntos do Romeu Lopes, por alturas de Castelo Branco, de que havia um Burguer King numa área de serviço perto da Covilhã ("entre a Covilhã e Viseu", corrigiu pouco depois, face às evidências; o Miguel Botelho, cego de hambre e com a tripa em mau estado, tendia a concordar). Já depois de Viseu, a fome desgraçada teve de ser amenizada num Pans & Company... Desconfiamos seriamente que os pacotes dos 18 euros tinham algo mais alucinogénico que açúcar...;
- e o termos chegado tarde e a más horas, mas bem - e com muita vontade de repetir a maluquice!