segunda-feira, 28 de julho de 2008

Pacotes de açúcar em Villanueva del Trabuco, Málaga

No passado dia 5, sábado, realizou-se o 1º Encontro Internacional de Coleccionadores de Pacotes de Açúcar de Villanueva del Trabuco, província de Málaga. 2200 quilómetros de ida e volta não demoveram quatro coleccionadores do norte de Portugal de estarem presentes - grandes heróis! E a experiência foi tão inebriante que já prometeram volver el próximo año, nem que seja para aprimorarem o seu castelhano de sotaque andaluz.
Aqui fica um pequeno relato dos trabalhos mais significativos:
Paragem em Elvas, pelas 8.30 da manhã de sexta-feira (imaginem a que horas saímos!?), para um pequeno almoço merecido em casa do nosso amigo coleccionador, Paulo Araújo. Que o deus dos pacotes o abençoe; e à France; e à Margarida!
.

.
Descanso em Zafra (1ª foto), à caça de um pacotinho de açúcar dos Cafés Camelo quase desconhecido. Começámos com sorte: cerrado para vacaciones. O bom tempo e uma cervejinha fresquinha noutro tasco fizeram-nos esquecer o precalço.
Almoço no Hostal Los Arcos - nome de bom prenúncio -, perto de Sevilla (2ª foto). O logótipo da Delta no painel publicitário aliou-se à fominha que trazíamos para nos decidirmos a parar ali. Uma razão tão boa como outra qualquer... A verdade é que nenhum de nós alguma vez comeu tão mal! O melhor de tudo foi o pão, branco e sensaborão como as nossas roscas... Dá para imaginar?
Depois de Sevilla, passámos por dois carros lusos. Que festa! Transportavam coleccionadores da grande Lisboa nossos conhecidos destas lides. Ultrapassámo-los, acenando e fazendo sinal para sairem da auto-estrada... Continuaram em marcha lenta... Tornámos a ultrapassá-los e... nada! Marcha lentíssima... Parecia que não nos viam! Seguimos, que se fazia tarde. Só à noite soubemos que o passo de caracol se devia a uma avaria numa das carripanas, e que acabou por ir para o estaleiro. Honra ao casal desafortunado que, não cedendo à tentação de regressar à lusa pátria, não deixou de comparecer em Villanueva del Trabuco. Um brinde para eles!
E já se brindava quando chegámos à pacata Villanueva del Trabuco (3ª e 4ª fotos), pelo que não demorámos a juntar-nos à festança (provei uma loiraça de estalo que nunca tinha visto por estas terras: Alhambra; garrafinha verde sem rótulo e com inscrições em relevo). Pouco depois, no Ayuntamiento da vila (5ª foto, da entrada), e de ânimo reforçado, assistimos à apresentação da série de pacotes de açúcar alusiva ao encontro. Uma cerimónia bonita, que serviu de agradecimento aos pintores locais cujos quadros foram retratados na série.
.


.
E chegou sábado de manhã. E a adrenalina foi tão intensa que se passou um dia inteiro num pavilhão abafado sem darmos conta de que tivesse acabado. As discussões acaloradas entre coleccionadores (6ª foto); os coleccionadores com quem troco há anos e que não conhecia pessoalmente (a Mari Martinez, o Juan Guillén, o José Manuel Duran, o Juan Carlos Nuñez, o Vicente Benitez...); o orgulho do António Jesus Duran, o guardia civil organizador do encontro, mostrando o seu armário arquivador de séries repetidas (7ª foto); o almoço volante excelente, servido no próprio pavilhão e de que, por nos ter entretido tanto mãos e boca, não se registaram imagens para a posteridade; a meia-dúzia de loiraças despachadas durante a tarde (e, registe-se, o uísque com cola saía que nem emigrantes clandestinos a desembarcarem na Florida!); as centenas de sobres de azúcar nas nossas bolsas, para nos devorarem o tempo livre nas semanas e meses seguintes...
O fim de tarde e noite terminaram na Venta Talillas, restaurante local afamado, com um jantar memorável (última foto), parcialmente patrocinado pela câmara local. Não sem antes os 4 heróis reabrirem a contenda com duas Cruzcampo levezinhas (8ª foto). Ao jantar, a cerveja servia-se em jarros, pelo que se perdeu definitivamente a conta - mas só por essa razão...
Recordo-me de poucas noites de sono em que ao acordar no dia seguinte me deparasse na mesma posição em que tinha caído na cama. Pelos vistos, o mesmo sucedeu aos meus compinchas de aventura. Sabe bem este cansaço!
Dos 1100 quilómetros do regresso registam-se:
- os 18 euros que o Romeu Lopes pagou - grande homem! - por meio quilo de pacotes de açúcar numa taberna de aldeia, num dos inúmeros desvios que fizemos;
- o termos parado no restaurante Nueva Andalucia I em busca de mais um pacotinho da Delta - mas com a mesma sorte da viagem de ida, pois viemos a saber posteriormente que, no outro lado da auto-estrada, a poucos metros, na direcção sul, esse pacotinho já circulava no restaurante Nueva Andalucia II...;
- a jura de pés juntos do Romeu Lopes, por alturas de Castelo Branco, de que havia um Burguer King numa área de serviço perto da Covilhã ("entre a Covilhã e Viseu", corrigiu pouco depois, face às evidências; o Miguel Botelho, cego de hambre e com a tripa em mau estado, tendia a concordar). Já depois de Viseu, a fome desgraçada teve de ser amenizada num Pans & Company... Desconfiamos seriamente que os pacotes dos 18 euros tinham algo mais alucinogénico que açúcar...;
- e o termos chegado tarde e a más horas, mas bem - e com muita vontade de repetir a maluquice!